Não dá para negar que o Brasil ama os pets! O país está no segundo lugar no ranking mundial de população felina. Nosso amor e admiração não param de crescer e isso é mais que notável, mas será que estamos tratando nossos animais de estimação realmente como animais de estimação?
Uma pesquisa feita pelo Ibope inteligência em 2016 diz que não: 45% dos tutores tratam seus felinos como se fossem filhos. Esse comportamento mostra uma nova ligação estabelecida entre donos de felinos e felinos, a chamada humanização dos animais.
E por que tratamos eles assim?
As mudanças da sociedade durante os anos trouxeram uma qualidade de vida diferente, com costumes, valores e direitos que se firmam a cada ano. O modo de construção do ambiente urbano (a chamada verticalização das cidades, ou seja, as construções de edifícios para poder comportar a demanda populacional), crescimento do poder aquisitivo e principalmente o modo em que as pessoas se relacionam amorosamente interfere no modo em que os felinos são tratados. A depressão é o mal do século, estima-se que 11 milhões e meio de Brasileiros sofrem da doença e, em uma sociedade emocionalmente frágil, os pets ganharam mais espaço.
O veterinário e psicanalista Marcos Fernandes, autor do livro “Cara de um, focinho de outro”, ressalta que o ser humano, muitas vezes por não conseguirem nas relações interpessoais obter lealdade, integridade e longevidade, encontra no pet um porto seguro. Claro que essa não é a regra, mas é um dos fatores.
O que tem de ruim eu tratar meu gato como filho?
Primeiramente, é necessário deixar claro que está tudo bem em escolher um nome humano ou deixá-lo dormir na cama. Quando falamos em tratar o animal como humano, nos referirmos a obrigá-lo usar coleiras que machucam por estética, ficar o tempo todo no colo ou obrigar ficar em carrinhos de passeio, por exemplo.
Esses comportamentos estimulados pelo tutor fazem o felino passar por uma alteração de identidade. Ele fica confuso e estressado porque não sabe como se comportar, pois ao se portar como um gato é repreendido. Além disso, o pet não se sente querido pelo tutor porque não consegue deixá-lo feliz.
Mas os gatos não são parecidos com os donos?
Sim! Os gatos se adaptam aos horários biológicos do tutor, sabem da rotina da casa e sabem se portar diante das situações cotidianas, por conta de um fenômeno chamado identificação. Segundo Freud, do mesmo jeito que uma criança imita seus pais, os felinos imitam seus donos, pois para ele, são como pai e mãe. Assim os aspectos físicos, comportamentais e psíquicos também são copiados.
Mas já que naturalmente a identificação ocorre, mudou algo a mais nos felinos?
Com os novos tempos, as doenças que antigamente eram humanas passaram também a ser dos pets. Angústia, ansiedade, depressão, irritabilidade, compulsão e transtornos obsessivos são alguns deles.
E como ajudo meu felino?
É necessário cessar com as broncas e punições, pois o felino pode adquirir estresse crônico e isso pode predispor algum problema comportamental. Espalhar brinquedos e arranhadores pela casa também são um bom modo, assim ele volta a pular, arranhar, se esconder e correr. Com isso, o pet fica feliz e os tutores também!
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Revista Pulo do Gato, ed. 109, pág. 10 a 18.
http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/06/brasileiros-tem-52-milhoes-de-caes-e-22-milhoes-de-gatos-aponta-ibge.html
https://avozdaserra.com.br/noticias/brasil-tem-segunda-maior-populacao-de-pets-do-mundo
http://blogrodrigogondim.blogspot.com.br/2013/01/os-processos-de-identificacao-do.html
http://g1.globo.com/bemestar/noticia/depressao-cresce-no-mundo-segundo-oms-brasil-tem-maior-prevalencia-da-america-latina.ghtml
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